terça-feira, 1 de junho de 2010

Mudando Vidas

Com a vontade de ajudar quem mais precisa, são vários os jovens que disponibilizam algum do seu tempo para fazerem voluntariado em instituições de solidariedade social. Nesta reportagem damos a conhecer a história de três jovens que se desdobram todos os dias entre as suas actividades e o voluntariado. Conciliar tudo, afirmam não ser fácil mas o prazer parece ser o truque para ultrapassarem todas as barreiras.


Perfil

Lado - a - Lado


São jovens. Uns mais cedo, outros mais tarde, todos eles despertaram para a importância de não ficarem parados diante de uma sociedade tão desigual. Lutam todos os dias lado - a - lado por um mundo melhor, algo que para uns é uma utopia, mas que para estes voluntários é possível através de pequenos e simples gestos, que dão aos que mais que mais precisam um novo motivo para acreditar.



Não foi por vontade própria que Carina Silva de 21 anos começou a fazer voluntariado. Natural de Braga e actualmente a estudar no curso de Psicologia na Universidade Católica, entrou para a Juventude da Cruz Vermelha de Braga há pouco mais de 1 ano, através de um projecto de serviço comunitário promovido pela universidade que frequenta. Actualmente a coordenar o projecto Angariação de Fundos e a colaborar em mais dois, Carina afirma que, apesar de não ter sido algo pensado, actualmente ser voluntária é algo que lhe dá imenso prazer.








Para Carina são vários os motivos que tornam esta experiência de voluntariado na Juventude da Cruz Vermelha um ponto positivo na sua vida.









É com carinho que a amiga Filipa Soares, de 21 anos, fala de Carina. Para ela a jovem “é uma amiga muito dedicada e intensa e, por isso, vive a experiência do voluntariado com alma e coração”. Tal como esta afirma Carina começou a fazer trabalho voluntário porque sentia uma grande necessidade de fazer algo para ajudar o próximo e de certa forma sentir-se útil. A Carina, à semelhança de tantos outros jovens, pode ser apenas, um grão de areia no deserto. No entanto, muitos grãos de areia fazem um grande areal”, acrescenta. Simpática, alegre, honesta e boa amiga são algumas das qualidades que os amigos lhe atribuem.


Foi desde muito cedo que Rita Duarte, de 24 anos, descobriu a sua paixão pelos animais. Natural de Braga e actualmente a trabalhar na área do comércio, Rita começou a fazer voluntariado na ABRA com 19 anos motivada pelo instinto maternal de querer proteger todos os animais.










Sara Martins, de 24 anos, conheceu Rita na ABRA e a vontade de ajudar os animais uniu-as para sempre. “Conhecemo-nos há 5 anos na ABRA e aproximamo-nos por causa de um cão que tinha uma doença e, por isso, tinha de levar injecções diárias". Apesar de actualmente já não ser voluntária na ABRA, Rita continua a colaborar com a instituição, sendo uma espécie de família de acolhimento de animais abandonados. Do feitio de Rita, Sara realça a sua teimosia e persistência. A amiga não hesita ao dizer que “Rita é daquelas pessoas que ou se ama ou se odeia. Não há meio-termo”.




Sérgio é o mais novo deste rol de voluntários. Com 19 anos, o estudante do 1º ano do curso de enfermagem, concilia os estudos com a coordenação do Projecto Copos da juventude da Cruz Vermelha. Há um mês na instituição o jovem entende que esta é uma experiência pela qual todos deviam passar.









Amiga de Sérgio há quatro anos, Ana Isabel Castro entende que é de realçar o trabalho desenvolvido pelo jovem: Penso que o trabalho de voluntariado que ele desenvolve é de exaltar, uma vez que o faz sem qualquer contra partida monetária visando apenas ajudar e alertar os jovens para o consumo em excesso de álcool”.


Têm aspirações diferentes, gostos diferentes, vidas diferentes e jamais se cruzaram, mas, lado a lado, travam grande batalhas para mudar tantas vidas quanto possíveis. São a razão de muitos ainda terem força para continuar, para seguirem numa estrada com mais baixos que altos. São o motivo de o mundo ainda parecer redondo, mesmo quando sentem que estão prestes a cair no precipício. São o sorriso que chega quando a tristeza assola. São a força, a coragem, a esperança. Enfim são voluntários.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Entrevista: Leonor Festas - Prémio Mulher Activa

Gestora de formação, trabalhou 20 anos numa empresa. Desde que, há cinco anos, ficou desempregada, é voluntária na Entrajuda-Banco de Bens Doados, como responsável pelo Abastecimento. Diz que é da "carreira" de voluntária que gosta e não tenciona mudar. Aos 50 anos, o seu empenho valeu-lhe, recentemente, o Prémio Mulher Activa.


É verdade que lhe deram hipótese de voltar à actividade profissional e preferiu continuar voluntária?
Sim. Foi uma decisão que tive de ponderar, pelo que implicou de algumas restrições para a minha família, mas foi possível porque o meu marido trabalha. E considero um privilégio poder fazer aquilo de que gosto.


Como vê essas duas fases da sua vida? É idêntico ter responsabilidades numa empresa e numa instituição de voluntários?
Em qualquer organização há que ser profissional. Encaro o meu trabalho aqui como se fosse pago. E prefiro este. As empresas orientam-se muito pela competitividade, enquanto o voluntariado traz ao de cima o que há de melhor nas pessoas. Trabalhar neste sistema torna-nos diferentes. Costumo dizer que já ganhei o euro milhões muitas vezes...


Como é hoje o voluntariado em Portugal? Semelhante ao de outros países?
Nos Estados Unidos, por exemplo, faz parte do programa escolar dar umas horas de trabalho semanal à comunidade. No final do ano há que apresentar um relatório carimbado, a atestar a passagem por uma instituição desse tipo. Em Portugal não existe tanto essa cultura de voluntariado. Embora ultimamente isto esteja a mudar e venham aparecendo mais voluntários.


O maior problema da Entrajuda é, então, a falta de voluntários?
Só de voluntários qualificados e comprometidos. Isto é, interessam-nos pessoas que assegurem regularidade. Preferimos que em vez de dois dias por semana, dêem apenas umas horas, mas que possamos contar com elas.


Qual é exactamente o vosso trabalho?
Apoiamos 1200 instituições. Dessas, só 500 recebem o nosso cabaz mensal, sobretudo produtos de higiene, desde papel higiénico a fraldas. Quando temos donativos pontuais, então chamamos outras. Se hoje nos aparecer tinta para pintura, mandamos um e-mail, e quem precisar vem buscar.


Então, como é financiada a Entrajuda?
Exlusivamente por donativos, quer de empresas, quer de particulares. Também nos candidatamos a programas comunitários, como fizemos para a ligação das nossas instituições à internet. E temos o apoio de uma fundação internacional para a saúde, a Fundação Stavros Niarchos. De um modo geral, compramos 10% do que doamos.



Entrevista na integra em:
Revista Visão

(edição de 15.04.2010)